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julho 18, 2012

Esboço de uma tristeza

Esboço de uma tristeza (escrito ontem, 17-07-2012, junto a um rabisco de mesmo nome)
Envoltos em arabesco
qual dissipada fumaça,
um sentimento e um arrepio...
Sensação de vazio...
Tristeza...
Tanta, até de dar do'...
Profundeza...
Tanta, até o fundo do nada...
No avesso do meio,
nada e' perfeito,
nenhum conto e' inteiro...
todo caminho e' torto, feio,
estreito...
Cresce o medo de estar só,
ninguém, nenhum abraço...
tudo e' escuro,
obscuro...
Sem ver direito
quero apenas um repouso
onde ocultar meu soluçar,
O caminho refaço
pedra por pedra a molhar
respingo amargura no seco pó
por onde passo
repouso a alma ao deixar
minha solidão inquieta
cansada,
recostada
em um banco de praça...
Ecoa
no meu seio
uma batida,
badalada
sem saída,
sem entrada...
De qualquer tempo
separado
quase sem tempo,
prestes a voar
apressado,
coração disparado,
qual relógio adiantado,
gira descontrolado,
o desvairado ponteiro...
Afundo
em amargo poço,
um suspiro profundo...
mergulho meu fardo, sem do'...
Ressoa
em minh'alma
o insustentável medo do frio...
da fúria
da perda,
do eterno vazio,
da falta de calma
do rompimento
da repetida lamúria
do corte
da faca no peito
enfiada com jeito
uma estocada forte...
e caio qual morto sem morte...
do canto de onde espreito
a falta de um sonho sequer...
ausência de um bem qualquer
a compensar tal mal-me-quer...
Escoa
em ânsia demente
um grave lamento...
a vida vivida se esvai também,
qual água corrente...
O suspiro se esconde
no fundo da mente...
sem volta,
sumido no oco ecoante
do cano,
nada mais a perder...
Impossivel retroceder...
Em jato sai
em jato vai
lamento sem fim,
do ralo ao bueiro...
Rudeza do ser
escondida explosão
lágrima abundante,
aguaceiro...
Impossível conter...
Desamparo de mim...
de tudo distante...
Nada mais que um lamento,
tão torto, mas tão torto assim,
vem atroz o pior sentimento
a entristecer meu ser
a latejar,
a doer, a doer
a inspirar,
a crescer, a crescer
Ao fim,
quando transborda a saudade no olhar,
de cada palavra, outra se põe a brotar...
e qual solidário parceiro
surge um verso a transformar
a amargura do meu traçar
em uma semente ruim
a falar, a falar...
Revela-se todo amargor ainda existente em mim...
E assim, sem mais outrossim,
escrevo mais um angustiado poemim...

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