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julho 13, 2012

Entrementes

Entrementes... um livro, um tema, um rabisco, um poema...
(escrito em 12/07/2012, enquanto desenhava)...
Entre ensaios de araras, 
corujas "zoiudas"
e outras exóticas aves, 
um intervalo...
andança ...
prazerosa pausa, mudança...
Mergulho em "El cuaderno de Maya",
leitura há algum tempo interrompida...
Maya, uma doidivanas,
a mais perdida
dentre tantas heroínas allendianas...

Pensamento aprisionado
no auto-relato sofrido
de uma "gringuita"
de "corazon atolondrado",
de imediato estou novamente envolvida
no segredo recôndito,
em algum detalhe revelado
no caderno de memórias
de um personagem atormentado...

(Neste ínterim, um contato de amizade com pessoal de antiga militância e' reativado... E, tal como esperado, velha adormecida poeira dialética e' levantada... tanto quixote liberado em velho embate, provocativo moinho... Mas esta e' outra história... Sobre isto tenho um escrito, ainda a ser aqui incluído...)

Ao fim,
'a soltura, o livre rabiscar e' retornado...
E, assim,
sem a grandeza das formas graúdas,
perde-se em redemoinho 
de conhecido amorfo traçado...
Quase me perco, sim,
em tais linhas ondeadas
de multicores
encadeadas...
A forma revolta,
o vai-e-vem,
a ida e a volta,
o rabisco envolvente,
ao tragar o pensamento,
aprisionam o traço em semitom discreto...
Um ou outro risco e' fechado,
preenchido,
entrelaçado...
Qual ébrio tonto,
me encontro em caminhos de idas sem volta
no traçado torto de um mapa secreto...
Ora perdido, ora encontrado,
no turbilhão e na calma deste entrementes,
neste intervalo entre ensaios de aves
que ainda me espreitam, latentes,
um bêbado traço transmudado
toma a forma de um rosto... um achado...
Metades...
Meios olhares...
Meios sorrisos...
Seios de faces...
Inteiros pensares...
Algumas saudades..
Escondidos esgares...
Da criação emerge, companheira,
uma subjacente parceira...
e enfim,
da palavra e' revelado,
e parido
um poemim
um sutil alento,
inspirado,
em faces fantasmas que se desenham,
suaves...