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maio 29, 2012

Frio e vazio

Quem é este ser que traz em si um impasse?
Quem é este alguém que se impôs tomando espaço,
desfazendo bagagem,
como se de regresso voltasse
de longa viagem?
E agora quer fugir?...
Quer livrar-se da “prisão”
que algum dia fez construir
como um forte grilhão
prendendo em si mesmo o próprio coração?...
Ainda sem sono, já quer ir dormir?...
Em busca de paz, após tanto lutar,
até sobressair,
já quer evadir,
se esconder,
e sumir?...
Quer adiar seu preferir,
perder seu querer,
passar a fingir
que não há tal sofrer?...
Ou quer mesmo deixar de sentir?...
Enfim, juntam-se muitas perguntas de então,
todas que foram jogadas ao léu...
Mas, onde a resposta, qualquer, que afaste este véu?...
Em qual mundo se abriga este pouco saber?
Até onde insistir
neste vão desejo de descobrir?...
Em mim,
aumenta o frio,
e cresce um vazio...
Ao fim,
nem bem vem surgindo,
impositivo,
mais um que ouso chamar “poemim”,
sem mais nem menos, assim,
qual fumaça ao vento, lá se vai esvaindo...
Qual galho solto de árvore marginal,
em água revolta, caído,
rolando, em feroz redemoinho,
tragado em louco giro fatal,
ora afogando,
ora emergindo,
vai-se afundando...
e afinal,
qual resto morto, sucumbido,
é preso ao lodo, perdido,
no fundo escuro de um rio...
Qual fumaça efêmera, dissipada,
qual galho desgarrado, tragado,
pairando sobre a sensação de vazio,
se instala uma triste mudez..
Um verso premente é frustrado, calado...
No silêncio frio,
um poema tremendo enregelado jaz abortado...
Assim,
tão escondido,
também sucumbido
no mais absorto de mim,
foi-se esfumando perdido
o que devesse ter sido,
enfim,
talvez um outro poemim...

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