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janeiro 07, 2012

Melancólico sábado!

Federico Garcia Lorca escreveu um horário
- as 5 da tarde -,
as pessoas comuns,
o ser acima das convenções e das verdades impostas...
Poemas de transbordar os olhos de pedras áridas...
Ansiedade, melancolia e apreensão do amor,
da liberdade de ser,
da beleza andaluz,
da vida e da morte de pessoas perseguidas,
dos destinos de uma terra ameaçada, massacrada,
dos corpos torturados, mortos, mutilados...
Aos sábados,
em minha vida enquadrada,
quase pouca,
des-ameaçada,
nada louca,
Garcia Lorca foi uma leitura,
parte culta do descanso,
dolce far niente,
escolha que, dolorida intolerável,
podia ser substituída sem dor,
sem culpa,
sem remorso,
ou necessidade de explicação!...
Sábado, hoje, parece-me triste além de Lorca...
Uma dor sem fuga...
inútil não-substituível...
?Onde o dia feito pra ser alegre aberto ao sol,
risonho abrigo dos passeios de amor e brincadeiras,
das folhas leves,
das pipas levadas ao alto, bamboleantes ao sabor do vento...??
Sábado brumoso,
chuva perene,
goteiras no teto até o ponto da ira incontida,
umidade na alma,
incongruências e apreensão não exclusivas dos tempos de cólera,
ou da ponta da pena de Lorca...
Um dia de garoa sem fim
desespero chovendo em mim
grossos pingos em meu poemim!...

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